sexta-feira, 23 de julho de 2010

Alerta preventivo




A terceira onda

O Rio Grande do Sul ainda se recupera dos estragos das tempestades da noite de quarta e o Estado já tem a ameaça de nova onda de temporais neste fim de semana, a terceira em 15 dias se consideradas as tormentas do dia 12 e que castigaram principalmente Canoas. Neste sábado, o sistema frontal semi-estacionário que agora está entre Santa Catarina e o Paraná (imagem de satélite abaixo do começo desta tarde) deve recuar para o Rio Grande do Sul como uma frente quente. Sistemas frontais quentes não raro nesta época do ano causam chuva forte localizada, trovoadas e mesmo granizo isolado.

No domingo, esta frente deve se converter em sistema frontal frio à medida que deve passar a ser impulsionada por ar frio de Sul e pode provocar muita chuva no Sul (principalmente na fronteira com o Uruguai e na Campanha) e no Sudoeste do Estado (área de Uruguaiana). A frente fria estará associada a um ciclone extratropical no Rio da Prata. Entre o domingo e segunda-feira se espera que haja um processo conhecido como ciclogênese explosiva (rápida formação de ciclone extratropical intenso), o que os norte-americanos chamam também de "bomba meteorológica", e que deve ter lugar a Sudeste do Rio da Prata. Para nove da noite de domingo o modelo GFS (imagem abaixo) projeta o ciclone com pressão de 992 hPa a Sudeste de Buenos Aires, em alto mar, e 980 hPa para o meio-dia de segunda, já mais afastado de continente (imagem abaixo), mas o modelo Europeu é mais agressivo na sua tendência de intensificação do ciclone.

A frente fria associada ao ciclone deve cruzar o Rio Grande do Sul durante o domingo com risco de chuva forte localizada, granizo isolado e novos vendavais que localmente podem ser intensos a severos. A má notícia é que haveria de novo corrente de jato (vento) em baixos níveis da atmosfera transportando ar quente para o Estado no domingo, o que garantiria sol em parte do dia no Centro, Norte e Nordeste gaúcho, e elevaria acentuadamente a temperatura nestas regiões, aumentando o risco de que se produzam de novo temporais fortes a intensos com potencial de danos. A boa notícia é que o jato deve estar mais intenso de manhã do que à tarde e à noite, hora em que se espera a frente alcance as áreas sob maior temperatura do Norte e Nordeste do Rio Grande do Sul.

Se por um lado é alentador ver as projeções diminuírem a intensidade do jato para a segunda metade do domingo no Norte gaúcho, preocupa a rápida troca de massas de ar do Centro para o Norte do Estado. Os modelos estão indicando que a frente poderia chegar com volumes baixos nestas regiões, exceto por pancadas fortes a intensas de curta duração, logo é natural o temor que a troca de massas de ar (quente para frio) possa se dar com vento. E, neste caso, o histórico mostra que em sistemas frontais associados a ciclones intensos com ar quente na dianteira há um alto risco de vendavais, inclusive fortes a intensos com casos mais excepcionais de atividade tornádica. Preocupa também que mais uma vez os modelos indicam que poderia haver um sistema bem alinhado, o que também historicamente está muito associado a vento forte. Veja a projeção para 18h de domingo.

Fixem-se na idéia de que podemos registrar quatro situações diferentes de vento com forte intensidade no Rio Grande do Sul neste fim de semana. Primeira, parte do Sul e do Sudeste do Estado pode ter rajadas de vento já neste sábado de Nordeste, antecedendo a chegada da frente quente. No domingo, fortes rajadas de vento do quadrante Norte podem ser registradas do Centro para o Norte do Rio Grande do Sul, desta vez pode ter em Santa Maria, devido à corrente de jato em baixos níveis da atmosfera, horas antes da chegada da frente fria. Na passagem da frente fria, também durante o domingo, há risco de vento forte associado a temporais. E, após a passagem da frente, por força do ciclone no Atlântico, parte do Estado pode ter rajadas de vento entre domingo (Sul) e segunda-feira (Sul e Leste do Estado).Vento de temporal associado à frente fria, assim, não é vento de ciclone. O vento ciclônico deve afetar principalmente a região de Buenos Aires, o Sul e o Leste do Uruguai e o Sul e o Leste do Rio Grande do Sul. Aqui no Estado, as rajadas mais fortes (80 a 100 km/h) devem ser anotadas no Litoral Sul gaúcho e pode haver problemas para o Porto de Rio Grande. O ciclone vai impulsionar ar seco e frio, logo espere que o tempo volte a firmar no começo da semana com mínimas novamente baixas, especialmente na terça-feira.

Observação: Editamos o post abaixo intitulado "Tornado na Serra – Cenas de um bombardeio" para incluir seis novas fotos da devastação provocada pelo tornado entre Gramado e Canela e que nos foram enviadas hoje pelo colaborador Áureo Roberto de Oliveira. Em discussão da nossa equipe hoje de manhã, analisando as imagens, concluímos que em algumas áreas os danos são consistentes com um tornado categoria F3 na escala Fujita, recordando que o tornado não apenas mantém uma trajetória errática assim como flutua em sua intensidade, provocando danos de diferentes magnitudes em diferentes pontos.
Boletim: Tornado na Serra pode ter atingido intensidade F3
Autor: Eugenio Hackbart
Publicado em 23/07/2010 13:40

RONIMAR COSTA DOS SANTOS - PU3CVB
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